Itatiba já ajudou. Agora quem vai ajudar Itatiba?

Com a posse dos deputados eleitos em 3 de outubro, nesta 3ª. feira*, nos ocorrem algumas reflexões oportunas. Em primeiro lugar reaviva-se a certeza de que os parlamentos brasileiros só serão verdadeiramente representativos de todo o conjunto da população quando for instituído o sistema de voto distrital.  Aí a disputa se travará entre candidatos da própria região que, se eleitos, carregarão o compromisso de bem representar seus eleitores, dentro dos interesses da comunidade.

O exemplo de Itatiba é consistente. A cidade tem votado majoritariamente em candidatos de fora, paraquedistas e/ou cometas, que aparecem na campanha eleitoral e depois praticamente nada trazem de benefícios para os itatibenses. Quatro anos atrás Arnaldo Jardim (PPS) foi o mais votado aqui – 6.982 votos. Eleito deputado federal sumiu, nada fez pela cidade e os seus apoiadores(as) silenciaram.

artigo publicado no Jornal de Itatiba em 1 de fevereiro de 2011.

Na última eleição mais de 46 mil votos válidos itatibenses se pulverizaram entre quatro centenas (é isso mesmo: mais de 400) de candidatos a federal que nada têm a ver com a cidade. (Façam o teste: é só perguntar pra qualquer um deles onde fica a Praça da Bandeira.)

O vice-prefeito de Jundiaí (PSDB) obteve 3.645 votos. O candidato do DEM, oriundo da região de São José do Rio Preto, angariou 3.144 votos. O ex-prefeito de Indaiatuba (PPS) conseguiu 1.669 votos. Um deputado estadual, eterno candidato a prefeito de Campinas (PSB), saiu-se com 1.535 votos. E aí se segue uma imensa lista. Todos esses mais votados aqui foram eleitos, já estão tomando posse e já se sabe que eles vão trabalhar … por Jundiaí, Rio Preto, Indaiatuba, Campinas. O próprio sindicalista Chinelo (3.540 votos) é eleitor em Araçatuba onde, aliás, faz parte do diretório local do PSB.

Todos tiveram algum tipo de ajuda de lideranças locais. Agora é exigir que a cidade receba as verbas, obras e serviços correspondentes à contribuição que deu na eleição desses deputados federais, mudando-se desta vez a regra anteriormente instituída de eles sumirem do nosso mapa. E a mesma ladainha se repetiu aqui, em escala pouco menor, na eleição de deputado estadual.

Com o voto distrital, essa invasão de “estrangeiros” endinheirados, com capacidade de fazerem campanha em todos os rincões do estado, desaparecerá. A região onde estamos inseridos junto com Bragança Paulista, Vinhedo, Valinhos e mais uma dúzia de municípios menores teria todas as condições para eleger um representante no Congresso Nacional, coisa que não acontece em seguidas eleições.

Tentei passar essa idéia na campanha, no bojo da minha candidatura a deputado federal. Infelizmente não fui suficientemente ouvido. Reproduzo o que declarei na ocasião ao JI-Diário, agradecendo com muito carinho os 5.393 votos recebidos, como candidato mais votado na cidade: “Esses votos são fruto de uma campanha limpa, transparente e ética, que prezo pois não coagi, nem comprei votos. Fico muito feliz, pois são votos consistentes, de quem achou ser importante ter um deputado federal trabalhando pela cidade. (…) Fiquei triste por não poder ajudar a cidade como gostaria.”

Agora, três meses depois, consciente da grande contribuição que certamente traria para cá, desiludido com o desempenho dos nossos congressistas e com os rumos da atuação deles, vejo que, não me elegendo, talvez quem sairá perdendo mais seja a própria cidade de Itatiba.

* artigo publicado no Jornal de Itatiba na 3a. feira, 1 de fevereiro de 2011.

Um comentário sobre “Itatiba já ajudou. Agora quem vai ajudar Itatiba?

  1. Também concordo Chico. Somente com o voto distrital haverá uma política efetivamente de representação neste país. Assim não dá.

    abraços,

    Guga Fleury

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