PSDB & Droga

Editorial do Estadão de ontem: “A demolição do PSDB”. Nas páginas internas reportagem sobre a crise. No mesmo jornal, um artigo de Serra – “Armas de destruição em massa”. Você vai correndo, pois o “líder” vem aí, armado até os dentes, certo? Não. Errado. Serra disserta sobre a entrada de drogas pelas fronteiras. Olha,  talvez de forma errada ele tenha abordado o tema certo: afinal, do jeito que vai, o partido pode acabar virando uma droga.

Eleição proporcional, a verdadeira zona eleitoral

No dia da votação cada eleitor se dirige à Zona Eleitoral em que está inscrito para votar em candidatos que passaram os meses anteriores vivendo numa outra zona eleitoral, no sentido mais lúmpen e prostituído da palavra.

Depois de trabalhar por 34 anos em mais de uma centena de campanhas, em sua maior parte majoritárias, sempre como consultor em marketing político, acabo de sentir na própria carne a experiência terrível de uma auto candidatura a deputado federal, na qual coloquei a serviço da comunidade a experiência acumulada em todos esses anos. O que vivenciei nos últimos 4 meses se transforma agora numa explicação abrangente para a baixa qualidade humana e o alto jogo de interesses pessoais e pecuniários que campeiam na Câmara dos Deputados e nas Assembléias Legislativas, pequenas e honrosas exceções à parte.

Não existem idealismos, tão pouco ideologias. Um mercantilismo deslavado é o senhor de todas as ações, justificando a frase do Superintendente da Polícia Federal em Roraima, citado no jornal a Folha de S.Paulo (05/10/2010 – pág. A4): “aqui quem ganha eleição é quem tem dinheiro para comprar voto”. Pois aqui em São Paulo também, meu caro policial. E no resto do Brasil idem idem..

A prática assume vários formatos diferentes. Vai da contratação de “lideranças” locais até a lista de pastores evangélicos, prontos para apascentarem as ovelhas em troca, é claro, de quantias de dinheiro nem sempre módicas. Mas tem também o padre católico, que usa o púlpito da igreja como palanque e propõe que o candidato de fora se instale ali, desde que contribua para as obras assistenciais … da campanha dele, abençoada por Deus. Tem o candidato de fora que chega pilotando um caminhão de dinheiro, junta-se ao candidato pobre local, aluga uma esquina no melhor ponto e se diz “da cidade”, apesar de nem saber o nome da praça principal. E também há os acordos “políticos”, onde as vantagens em causa própria se sobrepõem aos legítimos interesses da coletividade. Há negociações e negociatas para todos os gostos, fortunas despejadas para eleger um simples deputado. Sem contar os tiriricas da vida que passarão a habitar o Congresso Nacional.

A região onde moro, no eixo Itatiba-Bragança Paulista e mais 4 pequenos municípios é exemplo claro dessas distorções. Com quase 300 mil eleitores, poderia eleger tranquilamente um deputado federal, coisa que jamais aconteceu. A conseqüência é que fica privada de verbas e projetos que vêem de Brasília, onde estão concentrados.

A solução pontual é a implantação do sistema de voto distrital, onde os candidatos da região poderão discutir os problemas regionais e os eleitos vão para a Assembléia e para o Congresso encontrar as soluções próprias da coletividade local. Além é claro de influírem também nos assuntos gerais da administração pública.

A solução final é o debate e a instituição de uma reforma política profunda, que contemple a correção de outras imensas barbaridades que a legislação existente, remendada e deformada, não consegue mais controlar.

Resta-nos cobrar insistentemente para que os congressistas, mesmo escolhidos nessas condições, tenham forças para mudar o rumo dessa história. Precisam se lembrar que há um palhaço entre eles, para servir de exemplo a não ser seguido, sob pena de se transformarem num bando de tiriricas.

* Chico Santa Rita é consultor em marketing político, tendo dirigido mais de 120 campanhas, autor de dois livros sobre o assunto – “Batalhas Eleitorais” (2000) e “Novas Batalhas Eleitorais” (2008).